Mensagem do Presidente da ABENGE
No ano em que a Associação Brasileira de Educação em Engenharia completa 40 anos de existência, pode-se afirmar que está consolidada uma organização resultante da reunião de professores, pesquisadores, alunos e profissionais de engenharia interessados em um objetivo comum: o ensino das engenharias no país. Nessa perspectiva, ao longo desses anos, a ABENGE foi um cenário da idealização de sonhos, da concretização de projetos e da superação de vários desafios, acadêmicos e/ou políticos, que se fizeram presentes na trajetória dessa instituição, cujo tempo histórico se confunde com as inúmeras transformações ocorridas nas últimas décadas.
Da criação da ABENGE aos dias atuais, presenciaram-se momentos econômicos distintos, altos e baixos na indústria de bens e serviços, profundas mudanças no acesso à tecnologia que, entre outras, resultaram na reconfiguração do significado da profissão do engenheiro, assim como das necessidades de sua formação.
Concomitante aos acontecimentos políticos econômicos e sociais das últimas quatro décadas, a educação também precisou ser repensada para se adequar às necessidades decorrentes de um mundo e um país em transformação. Universalizamos a oferta do ensino fundamental, buscamos melhorar em qualidade a educação básica e expandimos a oferta de cursos de ensino superior.
As engenharias, por sua vez, teriam lugar de destaque nessa expansão, pois a ampliação e qualificação de sua oferta de formação tornaram-se condições integrantes das medidas de atendimento às demandas do desenvolvimento. Nesse contexto, desde a sua criação em 1973, junto ao antigo Departamento de Assuntos Universitários do Ministério da Educação e Cultura, a ABENGE vem participando ativamente das atividades de formulação de políticas públicas para melhoria do ensino da engenharia nacional.
Dos ideais anotados no Parecer que gerou a Resolução Nº 48 de 1976, do antigo Conselho Federal de Educação, às determinações contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais das Engenharias, estabelecidas na Resolução Nº 11 de 2002, do Conselho Nacional de Educação, um extenso caminho foi traçado e percorrido, no qual a ABENGE esteve inúmeras vezes presente.
Nossa contribuição nessa jornada também se fez na aplicação das políticas públicas para o ensino de engenharia, compondo as Comissões de Avaliação das Condições de Oferta dos Cursos de Engenharia no MEC; integrando os grupos de trabalho de elaboração e discussão do Exame Nacional de Cursos, do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes; ou, ainda, junto ao sistema CONFEA/CREA em diversas Comissões das áreas das engenharias.
Contudo, nosso papel não se restringiu somente à realização das ações propostas. Estivemos também atentos à discussão das ideias e dos princípios que fundamentaram as políticas públicas para o ensino de engenharia e para a formação do engenheiro, tornando esse tema um debate contínuo em nosso COBENGE – Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia.
Temas como a relação entre graduação e pós-graduação, a internacionalização do ensino, a aplicação de novas metodologias de aprendizagem, bem como o debate em torno das questões que envolvem a educação básica, presentes nas agendas de governos, também foram, e são assuntos relevantes e prioritários tratados neste grande locus de liberdade de pensamento acadêmico e de proposição de estudos, que tem sido nossos encontros sob a forma de Congressos, em que políticas de ensino, de pesquisa, para a ciência e para a tecnologia, vem constantemente “a tona”, buscando excelência permanente na formação de nossas engenheiras e engenheiros.
No COBENGE de 2013, agradecemos a Escola de Engenharia da UFRGS por sediar e realizar este Congresso, em parceria com a ABENGE, oferecendo, ainda, o “bônus” do protagonismo da belíssima cidade de Gramado.
Ao longo desses quatro dias, inseridos no panorama da necessidade de geração de ciência e tecnologia, em busca da qualidade e excelência na formação dos profissionais de engenharia, elegemos como tema central de nosso Congresso: “EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA NA ERA DO CONHECIMENTO”, para que possamos avançar em discussões que apontem novos caminhos e soluções para velhos problemas e expectativas, como o desequilíbrio de nossa balança comercial, ainda fadada a exportar matéria prima e importar tecnologia, que embora um desafio há muito conhecido, não logrou sua reconfiguração, entre outras, pelas dificuldades de infraestrutura, comunicações, saneamento básico e geração de energia. Questões onde a educação em engenharia deve estar presente e se faz necessária!
Finalmente, rendemos nossas homenagens aos pioneiros que fundaram a ABENGE, as instituições de ensino de engenharia participantes, aos sócios individuais e a todos que apoiaram e que contribuíram para a realização deste evento, desejando encontros de congraçamento, socialização de ideias e um excelente debate acadêmico.
Em um contexto de busca por espaços em que as vozes sejam ouvidas, a associação e o encontro de seus membros revestem-se de um papel ainda mais importante: o debate. Neste sentido, esperamos que juntos possamos contribuir ainda mais para que tenhamos uma engenharia de qualidade e que atendam as demandas de nossa sociedade.
Muito obrigado e bom Congresso a todos!
NIVAL NUNES DE ALMEIDA
Presidente da ABENGE